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26/12/2024
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Crédito de carbono no mercado agroflorestal: benefícios e impactos 

Crédito de carbono

O Brasil nunca foi tão quente quanto em 2023. A média das temperaturas do ano ficou em 24,92ºC, volume acima da média histórica do INMET. Para evitar grandes desastres, algo precisa ser feito. O crédito de carbono é uma possibilidade. 

E, após cerca de uma década de espera, o Brasil finalmente pode falar que avançou no mercado de carbono regulado, contribuindo com os planos do país em direção à economia de baixo carbono. 

Dentre muitas possibilidades, os créditos de carbono representam uma ferramenta crucial para impulsionar a sustentabilidade no agronegócio e no mercado agroflorestal, ideais para combater as mudanças climáticas.  

Mas, o que são estes créditos? E como eles impactam o mercado agroflorestal e as empresas? 

 Elaboramos este artigo para elucidar informações sobre o tema que tende a ganhar os holofotes nos próximos anos. 

Boa leitura! 

O que é crédito de carbono? 

O mundo vive um período de emergência climática jamais visto! Temos chuvas em excesso em alguns locais, secas intermináveis em outros, derretimento de geleiras e aumento de eventos climáticos adversos. 

Diante disso, o mundo entendeu que as preocupações em relação às mudanças do clima são grandes e precisam ter espaço em convenções, acordos e eventos mundo afora.  

Tudo isso começou em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizada no Rio de Janeiro, e que ficou conhecida como ECO-92.  

Na época, a ONU criou a Convenção Quadro das Nações Unidas Contra as Mudanças Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês).  

Através dessa convenção, as nações concordaram em “estabilizar as concentrações de gases na atmosfera para evitar interferências perigosas da atividade humana no sistema climático”. 

Já em 1997 foi criado o Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos. E foi nesse contexto que surgiu o conceito de mercado de carbono.  

Essa é uma ferramenta crucial para impulsionar a sustentabilidade e combater as mudanças climáticas.  

Ele se baseia na compra e venda de “moedas sustentáveis”, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e combater o aquecimento global. Essas moedas são os chamados créditos de carbono. 

Por lei, um crédito de carbono representa uma tonelada de carbono equivalente, que deixou de ser emitida para a atmosfera.  

Isto é: uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que deixou de ser emitida é igual a um crédito de carbono.  

Como funciona o comércio de crédito de carbono? 

O mercado de carbono se baseia na compra de créditos por parte de países e empresas que ultrapassaram suas metas de emissão de gases do efeito estufa. 

Ou seja, as organizações/países que tem elevados níveis de emissão e não conseguem tomar medidas de redução, têm a possibilidade de comprar créditos de carbono como forma de compensação.  

Dessa forma, outras organizações/países que conseguem reduzir as suas emissões, geram mais créditos de carbono.  

Com isso, podem utilizá-los como moeda de negociação com países que não conseguiram alcançar as suas metas de redução. 

Na prática, é como se fosse uma permissão para poluir até determinado volume. Assim, se uma empresa poluir mais, ela compra crédito de outra que ficou abaixo do limite determinado (poluiu menos). 

Para melhor entendimento, veja o exemplo do mercado agroflorestal.  

Imagine a ação de produtores rurais que desenvolvem projetos sustentáveis e que podem vender créditos para organizações poluidoras.  

Funciona assim: 

  • Geração de Projetos: os produtores rurais desenvolvem projetos agroflorestais sustentáveis que visam o sequestro de carbono, como conservação de florestas e medidas de reflorestamento
  • Verificação e validação: eles submetem esses projetos a um processo de verificação e validação por entidades certificadoras independentes. Estas, por sua vez, atestam a real redução de emissões; 
  • Geração de créditos: após a verificação, os projetos são capacitados para gerar créditos de carbono, que são registrados em um sistema de registro; 
  • Comercialização: os créditos de carbono gerados podem ser comercializados em diferentes mercados, como o mercado voluntário e o mercado regulamentado; 
  • Compensação: por fim, as empresas e outras organizações podem compram esses créditos gerados pelos produtores agroflorestais para compensar suas próprias emissões de carbono. 

Principais benefícios do crédito de carbono para empresas 

A comercialização dos créditos não apenas contribui para a mitigação das mudanças climáticas, mas também oferece uma série de benefícios e vantagens para as organizações.  

Assim, desde a valorização da imagem até o acesso a novos mercados, as possibilidades englobam questões econômicas, sociais e ambientais.  

Veja algumas delas: 

Valorização da marca  

A sustentabilidade é um tema cada vez mais valorizado pelos consumidores e investidores. Logo, é uma forma de atrair novos clientes, além de aumentar a fidelização.   

Nesse contexto, a comercialização de créditos de carbono é vista como uma prática inovadora e comprometida com o meio ambiente, tanto para quem compra quando para quem vende.   

Atender às expectativas dos clientes  

As empresas que estão envolvidas em práticas sustentáveis são vistas como mais confiáveis e atraentes para os investidores.  

Estes, por sua vez, buscam colocar dinheiro em empresas que pensam no futuro e se preocupam com a preservação ambiental e o uso racional dos recursos naturais.  

Uma pesquisa da Gartner, realizada em 2022, comprova isso. Ela destacou que 87% dos líderes empresariais planejam aumentar os investimentos em sustentabilidade.  

Para 80% dos executivos respondentes, os clientes pressionam as empresas a investirem em questões de sustentabilidade. 60% dos investidores e 55% dos reguladores também compartilham da mesma visão. 

Ou seja, comprar e vender créditos de carbono é uma forma de atrair investimentos. Eles demonstram o comprometimento com a sustentabilidade e a responsabilidade social. 

Competitividade  

A otimização do uso de energia, a redução de desperdícios e a melhoria da eficiência são medidas essenciais que reduzem custos e, consequentemente, aumentam a competitividade da empresa no mercado.   

Além disso, operar práticas sustentáveis é uma forma de a empresa se destacar no mercado, elevando sua posição em relação aos concorrentes e atraindo clientes que valorizam a responsabilidade ambiental.   


Geração de renda e empregos 

Para os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, a compra e geração de crédito de carbono é uma maneira eficiente para impulsionar a economia, além de garantir a existência de programas de desenvolvimento sustentável. 

Além disso, investir em projetos ambientalmente corretos é uma forma de contribuir com a geração de renda para comunidades locais e criação de novos mercados. 

Impactos da geração de crédito de carbono em projetos agroflorestais sustentáveis 

A geração de crédito de carbono por meio de projetos agroflorestais tem se mostrado uma ferramenta eficaz para mitigar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento rural sustentável.  

Ao transformar a capacidade de sequestro de carbono em um ativo financeiro, esses projetos auxiliam na redução dos impactos ambientais e trazem ganhos para a sociedade. Veja: 

Sequestro de carbono e mitigação das mudanças climáticas  

O principal impacto dessas ações é a redução das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.  

As árvores presentes nos sistemas agroflorestais absorvem o dióxido de carbono durante a fotossíntese, armazenando-o em sua biomassa e no solo.  

Isto é, elas têm grande capacidade de sequestro de carbono, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas. 

Recuperação e conservação de ecossistemas 

Projetos agroflorestais, especialmente aqueles que envolvem a restauração de áreas degradadas, contribuem para:  

  • Recuperação da biodiversidade;  
  • Proteção dos recursos hídricos;  
  • Melhoria da qualidade do solo.  

Assim ao gerar créditos de carbono, esses projetos recebem investimentos que incentivam a conservação de ecossistemas, contribuindo para a manutenção dos serviços ecossistêmicos. 

Desenvolvimento rural sustentável  

A geração de créditos de carbono pode gerar uma nova fonte de renda para os agricultores familiares e comunidades locais, incentivando a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis.  

Além disso, esses projetos podem contribuir para a geração de empregos e o desenvolvimento de cadeias de valor. 

Inovação e transferência de tecnologia  

A participação em projetos de geração de créditos de carbono estimula a pesquisa, o desenvolvimento de novas tecnologias e o uso de práticas agrícolas, tornando-as mais eficientes e sustentáveis.  

Essa troca de conhecimento contribui para a disseminação de tecnologias inovadoras entre os agricultores, sempre com foco na proteção ambiental. 

Mobilização de recursos financeiros  

O mercado de créditos de carbono mobiliza recursos financeiros para projetos de conservação e restauração ambiental, incentivando investimentos em atividades que geram benefícios ambientais e sociais. 
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