O território brasileiro possui aproximadamente 500 milhões de hectares cobertos por florestas. Estes números colocam o país na segunda posição em todo o mundo. Para proteger toda essa área, há leis e regras ambientais bastante rigorosas que permitem a compra e venda de madeira legal.
O seguimento destas leis e regras ambientais é medida fundamental para evitar a ocorrência de desmatamento e extração predatória de nossas matas nativas, combatendo assim o comércio ilegal da madeira brasileira.
Para aqueles que dependem da madeira em seus modelos de negócio, vamos trazer dicas e informações relevantes sobre como deve ocorrer o comércio de compra e venda de madeira legal.
Assim, se você é vendedor ou comprador de madeira e seus derivados, acompanhe nosso conteúdo de hoje. Nele você irá descobrir como estar de acordo com a lei e principalmente como proteger nossas florestas.
Desde sempre, a madeira é uma matéria-prima amplamente utilizada em diversos processos e negócios. Desde a fabricação de um simples lápis até a construção civil. Para atender este mercado o Brasil totalizou mais de 9 milhões de hectares de florestas plantadas em 2019, segundo relatório da Indústria Brasileira de Árvores (IBA).
Hoje no território brasileiro há três origens diferentes da madeira: Madeira originária de florestas nativas, ilegais ou plantadas.
A madeira nativa – conhecida como primária, virgem ou primitiva – é representada pelas florestas que tiveram pouca ou quase nenhuma interferência humana. A floresta ilegal, por sua vez, são aquelas operações extrativistas sem que as diretrizes legais sejam consideradas.
Por fim, a floresta plantada é única legalmente aceita. Sua finalidade é a de obter madeira, produtos e subprodutos para fins comerciais de forma intencional e totalmente regularizada.
Diante deste cenário, o comércio ilegal de madeira deve ser amplamente combatido. Principalmente porque muitas das áreas desmatadas não apresentam reposição das árvores retiradas ou há a remoção total da mata nativa para criação de gado.
É importante ressaltar, que as florestas têm a função de regular o sistema hídrico. As árvores têm a capacidade de armazenar parte das precipitações nas copas das árvores que são devolvidas para atmosfera. Durante o verão, essa água retorna à atmosfera por meio da respiração.
Por essa razão, podemos entender que as florestas plantadas adquirem grande importância para o setor florestal. Pois, além de ajudar a regular o sistema hídrico, elas ajudam a evitar a extração predatória de matas nativas, causadora de sérios danos ambientais.
Quando realizado de acordo com a legislação e regras, o mercado de florestas plantadas é altamente lucrativo. Atendendo com excelência o mercado de madeira legal.
É de longa data a relação conflituosa no mercado de compra e venda de madeira. Da febre do descobrimento do Brasil, que quase deu fim ao pau-brasil, até hoje, cinco séculos se passaram, mas muitos problemas persistiram.
Mas, nas últimas duas décadas, esse cenário se transformou. Multiplicaram-se pelo país iniciativas que apostam em formas racionais de compra e venda de madeira de forma segura, sustentável e legalizada.
Atualmente, há diversas orientações para madeireiros e profissionais do segmento acerca do processo de compra e venda de madeira baseada em preceitos legais e regulados por órgãos competentes.
Somente assim, tem-se a segurança de que a árvore foi cortada em reserva legalizada, com controle sobre cada unidade e o volume total tombado.
Iniciamos essa explicação salientando que neste processo tanto os vendedores quanto os compradores têm suas responsabilidades. Como observado no infográfico abaixo:
Com base neste infográfico, o processo de compra e venda de madeira legal funciona da seguinte forma:
Para efetivar um pedido de compra de madeiras o comprador deve consultar o Cadastro Técnico Federal (CTF) no site do IBAMA, acessando com a Certificação Digital (Modelo A3). Feito o pedido, o processo de aceite ou recusa da mercadoria dá-se também por meio do site do IBAMA.
Com relação ao processo de compra, após o aceite do comprador, o vendedor emite o DOF (Documento de Origem Florestal), que acompanha a Nota Fiscal, ou GF3 ou outro Guia Florestal.
Vale destacar que o DOF recebido com a mercadoria deve estar dentro do prazo de previsão de entrega. É também obrigatório constar esta informação na NF emitida.
Exatamente por isso, cabe ao comprador demandar atenção especial no momento do recebimento da mercadoria e verificar, antes do descarregamento da madeira, a normalidade entre a oferta aceita e o documento DOF.
Diante da normalidade, o comprador deve acusar o recebimento no “Sistema IBAMA DOF”. Caso não esteja de acordo, o comprador deve acusar a recusa do material. É importante esclarecer que se isso não for feito no prazo devido, o DOF do comprador será bloqueado no sistema e não existe a possibilidade de recebimento parcial da mercadoria.
Além do mais, durante o processo de venda e emissão do DOF, deve-se estar atento às seguintes orientações:
Importante destacar que é obrigatório as empresas de construção civil fazerem parte do CTF.
Como vimos, no Brasil, o DOF é um dos documentos mais importantes para comprovar a procedência da madeira brasileira.
O DOF é obrigatório para o transporte de produto e subproduto florestal de origem nativa, inclusive o carvão vegetal nativo. Este documento foi instituído pela Portaria MMA n° 253/2006 e regulamentado pela Instrução Normativa MMA/Ibama nº 21/2014.
Desde que fui instituído, o sistema DOF permite o rastreamento da madeira desde sua origem. Isso passando por todos os envolvidos no transporte e beneficiamento, até a destinação final.
Para garantir a procedência da madeira, todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas, envolvidas na cadeia da madeira devem estar registradas no sistema, gerido pelo Ibama.
Esse controle contribui para que o mercado disponibilize aos usuários madeiras de origem legal e sustentável.
Aqui, vale uma dica fundamental. Você deve suspeitar de produtores e/ou madeireiras que tratam o do DOF como uma certificação que “qualifica” a madeira. O DOF é o mínimo exigido por lei e não tem qualquer relação com a qualidade da madeira.
Assim, para não correr o risco de contribuir com o mercado ilegal, peça o detalhamento da compra na nota fiscal. Nela precisa conter nome da espécie, dimensões e volume adquirido.
Como vimos, o DOF é o documento mais importante para o mercado de compra e venda de madeira. Mas é importante ressaltar que ele é dispensável quando houver transporte dos seguintes produtos e subprodutos florestais:
Por fim, vale reforçar que as consequências do comércio de madeira ilegal são muito graves. Haverá perda de biodiversidade, aumento do risco de extinção de animais silvestres e perda dos serviços ecológicos prestados pela floresta.
Dessa forma, seguir todas as regras relacionadas à compra e venda de madeira legal é fundamental. Isso não só para que sua empresa esteja alinhada à regulamentação, mas para proteger a rica fauna e flora do país.
Agora que você sabe como comprar e vender madeira legal, veja também quais são as tendências para o mercado florestal no Brasil em 2022.