Agricultura vertical e agricultura hidropônica: conheça as principais características 

Você já ouviu falar em agricultura vertical e em agricultura hidropônica? Essas são duas vertentes da agricultura que vêm ganhando espaço nos últimos anos e que têm grande potencial para revolucionar a produção de alimentos. 

As fazendas verticais e a agricultura hidropônica têm capacidade de promover inovações radicais na forma com que a agricultura é realizada, com o objetivo de passar a responsabilidade da produção dos alimentos para além do ambiente rural tradicional. 

A ideia por trás destes conceitos é combinar sistemas automatizados de cultivo de alimentos com tecnologias a fim de diminuírem o impacto ambiental e aumentar consideravelmente a produção, sem causar grandes impactos no meio ambiente. 

Neste conteúdo você vai aprender mais sobre a agricultura vertical e hidropônica, como elas funcionam e o objetivo delas. 

Agricultura vertical: o que é e como funciona? 

Como o nome já indica, a agricultura vertical – ou fazenda vertical – é um espaço de cultivo controlado dentro de uma estrutura vertical que fica, geralmente, dentro de centros urbanos. 

A fazenda vertical é realizada em grandes estruturas, reunindo diferentes “andares” protegidos da luz solar, chuva, ventos e outros fenômenos comuns em ambientes abertos. Ou seja, ela sai do campo para produzir alimentos nas cidades e longe da terra.  

Assim, as fazendas verticais são capazes de transferir para os centros urbanos a responsabilidade de produzir alimentos, algo que, até então, estava restrito apenas ao campo. 

Mas, para entender como ela funciona, basta comparar com a agricultura tradicional. No modelo tradicional, o produtor tem que ter total atenção com o clima, que pode envolver períodos de seca e chuvas fortes, por exemplo. 

Nas fazendas verticais, por sua vez, as condições climáticas são totalmente controladas por todo o aporte tecnológico, que controla a temperatura, intensidade da luz e volume de água. 

Esse tipo de estrutura é composto por espaços que podem ser desde contêineres até estufas verticais que fazem uso de diferentes tecnologias para desenvolvimento e conservação dos alimentos. 

Vantagens e desvantagens das fazendas verticais 

Assim como qualquer prática voltada à produção agrícola, a agricultura vertical possui uma série de vantagens, mas há também algumas desvantagens que merecem atenção. 

Entre as vantagens, vale destacar: 

1- Maior consistência do sistema de produção 

Por ocorrer ao ar livre, um dos principais problemas da agricultura tradicional é a grande dificuldade de controlar as alterações climáticas. Isso faz com que o produtor precise diminuir ou até atrasar um manejo para esperar condições mais favoráveis. 

No caso da agricultura vertical, todas as variáveis são continuamente controladas. Com isso, a produção pode ser continuada independente das condições climáticas externas. 

2- Mais economia 

Quando comparada à produção tradicional, a agricultura vertical é mais econômica, especialmente no uso de água. Esse sistema de plantio utiliza um sistema hidropônico (água + nutrientes) que potencializam o crescimento da planta.  

O grande diferencial deste sistema é que não há a necessidade da irrigação constante, resultando em uma economia de até 90% no uso comparado com a agricultura tradicional. 

3 – Localização privilegiada 

As fazendas verticais podem ser instaladas em qualquer lugar, inclusive nas grandes cidades. Com isso, a produção estará próxima do consumidor, reduzindo custos com transporte e perdas da produção. 

4- Preservação de solos 

Um grande desafio da agricultura tradicional é a degradação dos solos, que se tornam cada vez mais improdutivos ou impróprios para cultivo. Em contrapartida, a fazenda vertical é realizada em sistemas hidropônicos, que não utilizam solo.  

Consequentemente, usa-se menos esse recurso e evita-se desgastes e degradações com uso de fertilizantes e agrotóxicos, por exemplo. 

Quanto às desvantagens, vale ressaltar: 

1- Maior gasto com energia elétrica 

Pela necessidade de controlar as condições climáticas e manter todo um sistema automatizado dentro de uma estrutura fechada, a fazenda vertical demanda um nível maior de energia.  

2- Gases do efeito estufa 

Geralmente, toda fazenda vertical tem um sistema responsável por gerar sua própria eletricidade, de forma que consiga atender as necessidades da produção.  

Porém, esse sistema pode produzir mais gases do efeito estufa, elevando a poluição da atmosfera.  

Então, dependendo de como é a fonte de eletricidade, a poluição pode ser maior.  

3- Poluição luminosa 

Todo o controle das luzes feito nas fazendas verticais dependem do estágio das plantas, que pode ser vegetativo ou reprodutivo.  

Parte desse sistema envolve a necessidade de ligar as luzes com mais frequência no período da noite, o que pode incomodar regiões que estejam no perímetro da fazenda.  

4- Descarte químico 

Embora as fazendas verticais não façam uso de fertilizantes diretamente no solo, algumas substâncias são encontradas na água como agentes químicos de defesa e se contaminadas incorretamente, podem afetar o meio ambiente.  

Para evitar isso, a água desse modelo de produção deve ser descartada de forma correta, porque pode ser prejudicial para os seres humanos, por exemplo.  

Aumento populacional impulsionou o desenvolvimento das fazendas verticais

O recente aumento populacional mundial foi um dos principais motivos que justificam o crescimento das fazendas verticais.  

Só para você ter uma ideia, as Nações Unidas projetaram com pesquisas que a população total do mundo deve atingir 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050. 

Dito isso, o campo não terá a capacidade de alimentar cerca de quase 10 bilhões de pessoas. Assim, cabe às fazendas verticais darem suporte à agricultura tradicional e ajudar a suprir parte da demanda mundial. 

Há também outro ponto importante que merece atenção.  

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por volta de 33% dos solos mundiais e 50% dos solos na América Latina já enfrentam significativos graus de degradações.  

Como já vimos, as fazendas verticais não utilizam solos, eliminando esse problema. Por essas razões, as fazendas verticais são uma tendência mundial. 

Agricultura hidropônica: o que é e como funciona? 

Como você acompanhou até aqui, uma das principais características da agricultura vertical é a não necessidade do solo para o cultivo das plantas, em um processo conhecido como agricultura hidropônica. 

Mas você sabe o que é a agricultura hidropônica? 

A hidroponia é um sistema de cultivo que permite que as plantas se desenvolvam em uma solução de água com nutrientes, sem a necessidade de terra.  

Nesse processo, são desenvolvidas condições de nutrição, iluminação e temperatura para que as plantas se desenvolvam em locais fechados e completamente controlados. 

As técnicas mais usadas na agricultura hidropônica são o Sistema Floating e a Nutrient Film Technique (NFT).  

No floating, as mudas ficam em uma base, normalmente de isopor, sobre um reservatório, onde encostam as raízes na solução nutritiva. Essa é uma técnica que exige realizar a troca periódica da solução. 

A NFT, por sua vez, é a técnica mais utilizada e consiste em um sistema mecanizado. Nela, uma motobomba é acionada periodicamente, permitindo que a solução nutritiva circule por todo o sistema por meio de tubos.  

Esse sistema exige a troca periódica da solução, bem como a higienização dos reservatórios e dos tubos de circulação. 

Outras técnicas existentes são de gotejamento, sistema de subirrigação e aeroponia. Neste último, as plantas ficam suspensas em uma câmara e as raízes ficam em um interior escuro, que é nebulizado com solução nutritiva periodicamente, já a parte aérea das mudas recebe luz natural ou artificial. 

Principais características da agricultura hidropônica  

Quando adotada em parceria com a agricultura vertical, a agricultura hidropônica permite combater as mudanças climáticas, a degradação do meio ambiente e a extinção de espécies ocasionadas pela exploração desenfreada de solos e pelos cultivos intensivos.  

Também é um sistema que permite um uso mais racional da água, devido ao grande aporte tecnológico utilizado. Os cultivos hidropônicos são mais rentáveis e fáceis de controlar, o que os converte em uma arma para atender a demanda mundial e reforçar a segurança alimentar, especialmente em países em desenvolvimento.  

A hidroponia também faz parte das últimas tendências no âmbito da agricultura inteligente. Esse é um modelo de produção baseado no uso de ferramentas tecnológicas, que elevam o rendimento dos cultivos.  

Mas, para que isso se confirme, algumas características da agricultura hidropônica devem ser consideradas: 

1- Solução nutritiva 

A solução nutritiva das plantas precisa de concentrações suficientes de nitrogênio, potássio, fósforo, cálcio, magnésio e enxofre, além de outros elementos em menor quantidade.  

2- Substratos 

Nos cultivos hidropônicos as plantas extraem os nutrientes da solução líquida, mas mesmo assim estas precisam de um suporte e que as raízes tenham suficiente aeração. Alguns dos exemplos dos substratos mais utilizados são: 

Perlita, pedra-pomes ou vermiculita: pedras muito leves e porosas que retêm água e permitem que o ar circule pelas raízes. 

Casca de arroz, fibra de madeira ou lã: degradam-se lentamente, mas são muito eficientes para manter a aeração das raízes. 

Lã de rocha: é obtida fundindo rocha de basalto e obtendo filamentos que formam uma espécie de esponja que não se degrada. 

3- Tecnologia hidropônica 

Grandes sistemas de cultivo hidropônico exigem um grande aporte de tecnologia e precisão, como: 

 – Medidores de condutividade: a condutividade elétrica da solução nutritiva indica os níveis de nutrientes dissolvidos e se é necessário repô-los. 

 – Medidores de pH: responsáveis pelo controle da acidez da solução e do substrato. 

 – Iluminação: quando associada à agricultura vertical, a luz artificial (LED) é usada para maximizar o rendimento.  

 – Controle do ar: em ambientes fechados é possível aumentar a concentração de CO2 no ar para melhorar a fertilidade. 

Dessa forma, tanto a agricultura vertical, quanto a hidropônica podem ser uma solução sustentável para o constante crescimento populacional, responsável pelo aumento da demanda por alimentos.  

No entanto, é sempre importante conhecer as vantagens e desvantagens desses modelos para equilibrar e aperfeiçoar o que for preciso. Mas, certamente, o futuro da agricultura passa por estes modelos. 

Quer saber mais? Então confira quais são as práticas para preservar recursos naturais dentro do agronegócio.