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12/06/2025
5 min de leitura
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Biochar: conheça o resíduo que captura carbono e melhora o solo 

Biochar

A busca por práticas agrícolas mais sustentáveis e resilientes tem levado produtores e pesquisadores a explorarem soluções que unam produtividade, regeneração ambiental e mitigação das mudanças climáticas. Uma das possibilidades é o biochar

Também conhecido como carvão vegetal pirolisado, este é um insumo promissor que atua na fertilidade do solo e na captura de carbono, especialmente em contextos de agrofloresta regenerativa. 

Quer conhecer esse material sólido rico, que pode ser usado para vários fins? Então, leia o artigo.  

O que é o biochar e como ele é produzido? 

O biochar é um tipo de carvão vegetal obtido por meio da pirólise, um processo de decomposição térmica de biomassa em ambiente com pouco ou nenhum oxigênio.  

Durante essa transformação, resíduos orgânicos como cascas, galhos, restos de poda ou até mesmo resíduos agrícolas são convertidos em um material carbonizado, rico em carbono estável. 

Por isso o biochar se destaca por conta do sequestro de carbono atmosférico e benefícios promovidos no solo, muito por conta da sua grande capacidade de absorção. 

Importante destacar que seu diferencial em relação ao carvão comum está na sua finalidade e estrutura.  

Enquanto o carvão convencional é usado como combustível, o biochar é aplicado diretamente no solo para melhorar suas propriedades físico-químicas e promover benefícios ecológicos duradouros. 

Além disso, o processo de pirólise pode ser otimizado para gerar energia térmica ou elétrica como subproduto, criando uma solução circular que integra agricultura, reflorestamento, geração de energia e sustentabilidade ambiental. 

Efeitos do biochar na qualidade do solo e na retenção de água 

Estudos conduzidos por instituições como a Embrapa e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) mostram que este produto tem um efeito positivo direto sobre a estrutura e fertilidade do solo.  

Ao ser incorporado ao solo, o biochar: 

  • Aumenta a capacidade de retenção de água; 
  • Melhora a aeração e a porosidade; 
  • Estabiliza o pH; 
  • Reduz a lixiviação de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio; 
  • Favorece a atividade microbiana benéfica. 

Essas melhorias são especialmente valiosas em solos tropicais degradados ou arenosos, onde a perda de nutrientes e a baixa retenção hídrica comprometem a produtividade agrícola. 

Na prática, produtores que utilizam biochar em cultivos de hortaliças, frutíferas e florestas agroecológicas relatam:  

  • Ganhos expressivos de rendimento;  
  • Menor necessidade de irrigação;  
  • Maior resistência das plantas a estresses ambientais. 

Excelente tecnologia de remoção de carbono (CDR)? 

Além dos benefícios agronômicos, o biochar ganha destaque como uma tecnologia natural de remoção de carbono.  

Durante a fotossíntese, as plantas capturam CO₂ da atmosfera e o armazenam na biomassa. Quando ela é transformada em biochar, o carbono contido nela é estabilizado, podendo permanecer no solo sem se decompor e liberar CO₂ novamente. 

Essa propriedade faz do material uma das soluções mais eficientes e seguras para a captura de carbono no contexto da agricultura regenerativa e da bioeconomia.  

Em termos práticos, cada tonelada de biochar aplicada ao solo pode sequestrar até 3 toneladas de CO₂ equivalente, segundo estimativas do Biochar Carbon Removal (BCR) da Carbonfuture. 

Esse potencial de mitigação climática tem despertado o interesse de mercados de crédito de carbono e investidores de impacto, criando oportunidades econômicas para quem adota essa tecnologia em suas propriedades. 

Existem produtores ou startups utilizando essa solução? 

O uso do biochar está em ascensão, especialmente entre produtores que apostam em sistemas agroflorestais, práticas regenerativas e transição para modelos de baixo carbono.  

No Brasil, algumas startups e projetos-piloto vêm se destacando. 

Várias empresas brasileiras atuam com soluções customizadas para diferentes tipos de solo e cultura, oferecendo suporte técnico e monitoramento dos resultados. 

Iniciativas como o Projeto Biochar Amazônia vêm testando o uso do insumo em áreas de reflorestamento e agricultura familiar, com apoio de instituições de pesquisa e organizações internacionais. 

No setor florestal, empresas produtoras de biomassa florestal vêm adotando a pirolise como forma de agregar valor aos resíduos e gerar novos modelos de negócio baseados em economia circular. 

Além disso, há um crescente movimento global de certificação e padronização, o que facilita sua entrada em mercados formais e aumenta a confiança de agricultores e investidores. 

Biochar e a agricultura regenerativa: um caminho possível 

O uso do biochar se alinha com os princípios da agrofloresta regenerativa, um modelo de produção que integra biodiversidade, restauração ecológica e segurança alimentar.  

Ao incorporá-lo aos sistemas produtivos, os agricultores podem simultaneamente:  

  • Melhorar a qualidade do solo;  
  • Aumentar a resiliência climática;  
  • Contribuir com metas globais de descarbonização. 

Essa abordagem representa uma convergência entre ciência, inovação tecnológica e sabedoria ancestral.  

O uso de carvão vegetal no solo remonta à prática das “terras pretas de índio” (ou Terra Preta de Índio) da Amazônia pré-colonial — um dos exemplos mais antigos de manejo regenerativo do solo com carbono estável. 

Sendo assim, sua adoção estratégica pode transformar propriedades rurais em verdadeiros sumidouros de carbono, ao mesmo tempo, em que recupera solos e abre caminhos para uma agricultura regenerativa e economicamente viável. 

Na AIKO, acreditamos no poder das tecnologias regenerativas e no protagonismo de agricultores e empresas que buscam gerar valor com responsabilidade ambiental.  


Fique atento ao nosso blog para mais conteúdos sobre inovação no campo. 

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