Você sabe o que é cabotagem? Talvez esse seja um termo não tão conhecido do grande público, mas é essencial para as características do Brasil, oferecendo mais uma ótima possibilidade para a nossa logística.
Basicamente, a cabotagem é uma modalidade de transporte que ocorre na costa marítima, ou entre cabos (águas marítimas limitadas), com a terra à vista, ou entre um porto costeiro e um fluvial.
A cabotagem é considerada o meio de transporte mais competitivo, o menos poluente e um dos mais econômicos. Segundo o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), um dos grandes benefícios da cabotagem são os fretes, que podem ser reduzidos em até 62%.
Pensando nestes benefícios, elaboramos este material para explicar o que é a cabotagem, suas vantagens principais e como utilizar esse meio de transporte entre portos. Confira!
Responsável pelo transporte marítimo de cargas pela costa de um país, sempre com a terra à vista, a cabotagem é caracterizada por navegar entre os portos de um mesmo país, diferenciando-a da navegação de longo curso, porque esta é realizada entre portos de diferentes países.
O termo cabotagem surgiu no século XVI e vem de Sebastião Caboto, que foi um navegador famoso por buscar a mítica Serra da Prata, na América do Norte.
Caboto navegava bastante pela costa dos EUA, apenas a margeando, consequentemente esse tipo de navegação passou a ser chamada de cabotagem.
Para o Brasil, a cabotagem é modal logístico promissor, tendo em vista que nosso país possui uma extensa costa navegável. Além disso, as principais cidades, polos industriais e grandes centros consumidores se concentram no litoral ou em cidades próximas a ele, com maior proximidade de portos.
O transporte logístico por cabotagem pode ser classificado em diferentes tipos, que variam de acordo com o tipo de carga transportada, a origem e o destino da carga, além da modalidade de afretamento da embarcação e a operação especial realizada.
Assim, dentre os principais tipos de transporte marítimo costeiro se destacam:
Refere-se ao transporte de cargas soltas ou unitizadas, como contêineres, celulose, fertilizantes, ferro e aço, entre outros produtos.
No Brasil, essa modalidade é bastante utilizada, principalmente pela facilidade da movimentação de contêineres.
Transporte de cargas líquidas ou sólidas em grandes quantidades, mas sem o uso de uma embalagem ou acondicionamento.
Esse tipo está associado ao transporte de petróleo e derivados, bauxita, minério de ferro, além de commodities agrícolas, como soja e milho.
Consiste no transporte de cargas que têm origem e destino em portos brasileiros, sem passar por portos estrangeiros.
Esse é um modelo costeiro de transporte que representa cerca de 77% do volume movimentado no Brasil.
Refere-se ao transporte de cargas que vêm do exterior, desembarcam em um porto brasileiro e depois seguem para outro porto na costa nacional ou que fazem o caminho inverso.
Ocorre quando uma embarcação estrangeira é alugada por um período determinado, assumindo os custos operacionais e a tripulação da embarcação.
Neste tipo, a empresa brasileira pode alugar uma embarcação estrangeira por uma ou mais viagens específicas, pagando um valor fixo por tonelada transportada.
Consiste no aluguel de uma embarcação estrangeira por parte de uma empresa brasileira.
Neste tipo, a contratação vem sem tripulação nem combustível, com o contratante assumindo todos estes custos operacionais citados.
União de duas ou mais empresas que vão compartilhar uma embarcação estrangeira por tempo ou por viagem.
Esse modelo de cabotagem permite a divisão dos custos da operação, beneficiando todos os envolvidos.
Neste último modelo a empresa torna-se especializada para atender a uma demanda específica do mercado, como transporte de cargas especiais, transporte entre portos secundários ou transporte entre regiões distintas do país.
A melhor forma para explicar como funciona a cabotagem é fazer um paralelo entre esse modal e o transporte público.
Em qualquer cidade, os ônibus passam em pontos pré-determinados para que os passageiros sejam embarcados sempre no mesmo horário.
O mesmo ocorre com os navios na cabotagem. A embarcação faz um circuito fechado e sempre sai e retorna para um mesmo ponto. Isso permite planejar melhor as operações e evitar atrasos.
Para maior eficiência, o volume mínimo para contratar a modalidade costuma variar da empresa que vai prestar o serviço de transporte costeiro, mas geralmente é de 10 toneladas ou 10 metros cúbicos.
A cabotagem permite também fracionar a carga entre diferentes clientes. Com isso, o custo do frete é reduzido e a flexibilidade da aplicação é aumentada.
Além disso, para maior eficiência, o funcionamento da cabotagem depende de outros pontos importantes, como:
Outro requisito importante é o rastreamento de carga, que pode ser feito por meio de sistemas digitais ou dispositivos eletrônicos instalados nos contêineres. Tal rastreamento garante a segurança de toda a operação.
Como já destacamos anteriormente, o potencial da cabotagem para o Brasil é bastante grande, principalmente pela nossa costa litorânea e seus 8.500 km de costa navegável. Mas além disso, esse é um modal que apresenta muitas vantagens. Confira:
Quando comparado a outros modais, o custo da operação de transporte de cabotagem é menor. Os fretes podem ser reduzidos em até 62%, segundo dados do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT).
Outro benefício é a reduzida possibilidade de roubo de cargas e de acidentes, que são comprovadamente menores quando se utilizam as vias aquáticas em comparação com as vias rodoviárias.
Além dos 8.500 km de costa navegável, nossa costa possui grande potencial de alocar portos. Segundo estatísticas da ANTAQ, o Brasil possui mais de 170 portos, dentre marítimos, fluviais e secos.
Comparado aos outros modais, o aquaviário não necessita de grandes intervenções na infraestrutura, podendo-se aproveitar a malha marítima natural existente no Brasil.
Quando usada, a cabotagem ajuda a diminuir a pegada de carbono da produção, principalmente por utilizar menos combustíveis fósseis, principalmente quando comparada ao modal rodoviário.
Assim, a cabotagem está bastante linhada com a eficiência ambiental. Assim, em decorrência das práticas ESG é bastante provável que as empresas invistam cada vez mais no transporte via cabotagem no Brasil.
Além disso, estimativas indicam que o transporte por cabotagem consume oito vezes menos combustível que o rodoviário para mover uma mesma quantidade de carga.
Apena uma barcaça pode equivaler a 15 vagões de trem ou a 58 carretas.
Todos nós sabemos que o excesso de veículos de cargas nas estradas brasileiras com reduzida manutenção é uma das principais causas de acidentes, aumentando o custo dessa operação.
Nos rios e mares brasileiros esse é um problema praticamente inexistente, principalmente porque a utilização da cabotagem minimiza os acidentes.
A navegação por cabotagem representa uma grande oportunidade para que a logística brasileira de transporte, tornando-a mais eficiente, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.
Pelas vantagens anteriormente apresentadas, a cabotagem pode ser vista como uma relevante oportunidade para reduzir os principais gargalos de movimentação de mercadorias existentes no país.
Ao ajudar a solucionar os problemas logísticos do Brasil, a cabotagem tem todas as características para que seja impulsionada no país, principalmente com a possibilidade da sua integração com outros modais.
No entanto, o crescimento deste modal esbarra na necessidade de um planejamento logístico mais eficiente. Para solucionar isso, cabe às empresas considerar os seguintes aspectos:
Dessa forma, aliar a máxima eficiência com custo-benefício é um desafio das empresas de logística no país e a cabotagem representa, de fato, uma alternativa bastante interessante.
Diante disso tudo, a tendência e que a cabotagem continue sua expansão na logística brasileira de transporte, principalmente por oferecer um transporte muito mais seguro, sustentável e que traz benefícios econômicos e ambientais às empresas.
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