Manutenção autônoma: saiba o que é e como implementar

Você trabalha com manutenção industrial? Então certamente já passou por dificuldades na hora de manter seus equipamentos funcionando da forma correta. Como solução, muitas empresas estão investindo na manutenção autônoma. 

Parte da filosofia da Manutenção produtiva total (TPM), a manutenção autônoma dá mais autonomia à manutenção, pois permite que os próprios operadores executem pequenos reparos de forma autônoma, ajudando a solucionar problemas de uma forma mais ágil, prática e otimizada. 

Além disso, ao dar aos operadores a responsabilidade pela sua conservação, essa é uma filosofia que contribui com a redução de paradas desnecessárias, aumentando a produtividade. 

Mas você sabe quais são os passos para implementar essa filosofia? E as suas vantagens? Continue lendo e saiba tudo sobre a manutenção autônoma! 

O que é a manutenção autônoma? 

Apesar dos últimos avanços, muitas organizações ainda têm que conviver com elevados índices de quebras de suas máquinas, essencialmente pelas dificuldades em fazer com que seus operadores cuidem destes bens.  

Diante desse desafio, a filosofia da Manutenção Autônoma surge como uma solução bastante interessante. Sua função é implantar uma nova cultura capaz de elevar o zelo para com os equipamentos dentro da organização, na qual o operador tem um papel fundamental. 

A manutenção autônoma consiste na capacitação da mão-de-obra operária, dando ao operador a capacidade de adoção de simples técnicas de manutenção, possibilitando que ele mesmo realize pequenas intervenções.  

Isso permite ao profissional detectar eventuais problemas futuros, associados à limpeza e lubrificação. Também permite que ele mesmo realize ajustes e regulagens das máquinas. 

Objetivos da manutenção autônoma 

Assim que é implantada, a manutenção autônoma busca alguns objetivos bastante claros. Inicialmente, seu grande objetivo é eliminar a ocorrência de falhas por meio da geração de iniciativas do próprio funcionário. 

Ou seja, por meio dessa filosofia, o profissional tem a liberdade de autogerenciar a produção, com um maior zelo pelo equipamento, devido ao sentimento de propriedade. 

Além disso, a manutenção autônoma objetiva a promoção do sentimento de responsabilidade dos próprios operadores pelos equipamentos, estimulando-os a realizar, de forma voluntária e rotineira, a limpeza e a lubrificação, além de pequenos ajustes necessários à conservação dos mesmos. 

Outro grande objetivo é melhorar a eficiência dos ativos por meio da promoção do trabalho conjunto e da sinergia entre todas as áreas da empresa. 

Diante desses objetivos, a manutenção autônoma é adotada para aumentar a eficiência da manutenção de uma frota de veículos, máquinas e equipamentos. Com isso, a ociosidade destes bens é reduzida, evitando que os problemas atinjam um patamar mais crítico. 

Parte integrante da TPM (Total Productive Maintenance) 

Especialistas na área de manutenção indicam que a manutenção autônoma é um dos pilares do TPM. 

Basicamente, a TPM (Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total, em português) tem por objetivo aumentar a eficácia de todos os processos de manutenção, potencializando os equipamentos por meio de um conjunto de atividades de gerenciamento dos mesmos. 

Além da manutenção autônoma, o TPM possui mais 7 pilares, como visto no esquema abaixo. 

Dentre estes 8 pilares, cabe à manutenção autônoma ter por responsabilidade consolidar o TPM, contribuindo com a mudança de cultura necessária para o sucesso deste procedimento. 

Este pilar tem, como já ressaltado, a função de promover a capacitação dos operários para que eles se sintam também responsáveis pela manutenção dos equipamentos, máquinas e veículos.  

O treinamento se baseia no ensinamento de técnicas básicas de manutenção para que sejam usadas pelos operadores, como limpeza e lubrificação. Também recebem treinamentos para realizar ajustes e regulagens das máquinas.

A manutenção autônoma é dividida em 3 etapas 

Desde que foi desenvolvida, a manutenção autônoma possui alguns focos muito bem definidos, que são: evitar, medir, prevenir e restaurar a deterioração dos equipamentos da empresa. 

Com base nestes focos, o processo de manutenção autônoma é dividido em 3 tarefas: 

1- Identificação de problemas 

Essa tarefa refere-se à identificação de qualquer sinal de falha ou anomalia nos equipamentos, com o operador reportando-os ao responsável.  

Assim, dentro da linha de produção, o operador deve ter a capacidade de identificar um ruído diferente na máquina ou qualquer outra anomalia e rapidamente comunicar ao líder de manutenção para que possa ser realizado um diagnóstico e solução do problema. 

2- Eliminação de defeitos 

Outra tarefa relacionada à manutenção autônoma envolve a correção de falhas ou anomalias nos equipamentos.  

Por exemplo, caso detecte que uma peça precisa de ajuste ou substituição, o operador deve ter capacitação para estar apto a realizar essa tarefa, garantindo que o equipamento volte a funcionar mais rapidamente. 

3- Prevenção de falhas 

A terceira tarefa compreende a adoção de medidas que ajudem a evitar falhas ou anomalias nos equipamentos em ações de manutenção proativa e preventiva. 

Nessa tarefa, o trabalhador pode, por exemplo, realizar a limpeza corriqueira e a lubrificação regular de uma máquina. Com isso, o desgaste excessivo de suas peças é evitado, assim como reduz a necessidade de manutenção reativa. 

Realizando a manutenção autônoma na prática 

Como já ressaltamos, o principal intuito da manutenção autônoma é fazer com que os operadores se sintam responsáveis pela conservação das máquinas que eles operam.  

Diante dessa responsabilidade, eles são incentivados a manter dentro da sua rotina, de forma voluntária, os processos de limpeza, lubrificação e pequenos ajustes. 

Esse processo é feito por meio da adoção de alguns passos fundamentais, que estão melhor detalhados abaixo. 

Identificação de problemas:  

Inicialmente os operadores devem ser incentivados a identificar problemas nos equipamentos durante suas atividades diárias, como ruídos estranhos, parafusos soltos ou desgastes que fogem de um padrão; 

Limpeza e inspeção:  

Em um segundo momento, o equipamento deve ser limpo e inspecionado regularmente para evitar acúmulo de sujeira e identificar possíveis falhas. 

Vale ressaltar que quanto menos resíduos forem gerados ou acumulados no entorno da máquina, menores serão os tempos de paradas para manutenção. 

Padronização da manutenção:  

Dentro da manutenção autônoma é importante estabelecer padrões de limpeza e inspeção para garantir a eficiência da manutenção. 

Aqui, é interessante que a equipe de manutenção elabore um documento com as instruções quanto à limpeza e inspeção.  

Este documento deve ser descrito de forma clara e detalhada, para que todos os operadores sejam capazes de realizar a manutenção adequada. 

Inspeção geral:  

Essa tarefa faz referência à realização de uma inspeção mais detalhada no equipamento, verificando peças e componentes específicos; 

Inspeção autônoma:  

Essa etapa é realizada pelos operadores que foram previamente treinados. Eles têm a responsabilidade de realizar inspeções rotineiras com foco na identificação e correção de problemas menores, antes que se tornem grandes problemas; 

Sistematização da manutenção autônoma:  

Todos os procedimentos realizados devem ser devidamente documentados e compartilhados com toda a equipe. Isso ajuda a garantir a padronização e melhoria contínua de processos; 

Gestão autônoma:  

Os operadores devem ser responsáveis pela gestão e organização das atividades realizadas por eles quanto à manutenção autônoma, definindo prioridades e prazos para execução das tarefas. 

Também é importante construir diretrizes e metas para regularizar as demandas de melhoria. 

Com base nestas tarefas fica claro que a educação dos operadores é fundamental, pois garantirá que eles consigam manter a ordem de trabalho de uma forma mais efetiva.

Principais vantagens da implementação da manutenção autônoma  

Quando bem implementada, a manutenção autônoma garante ao operador a capacidade de operar equipamentos, máquinas e veículos e, concomitantemente, detectar anomalias visuais, auditivas e de condição geral. 

Consequentemente, ele consegue realizar um diagnóstico e corrigir o problema (se possível) ou comunicar um especialista pela manutenção. 

Assim, ao implementar a manutenção autônoma, a empresa terá uma série de benefícios, dentre os quais se destacam: 

• Permite tratar, de uma forma mais rápida e prática, os possíveis defeitos ou falhas, sem a necessidade de abertura de um chamado junto a área de manutenção; 
• Garante maior preservação dos equipamentos, máquinas e veículos; 
• Oferece uma mudança cultural bastante benéfica para empresa; 
• Assegura maior segurança operacional; 
• Aumenta a vida útil dos ativos e minimiza a necessidade de manutenção corretiva; 
• Redução das perdas de produtividade, já que visa com que as máquinas fiquem menos tempo paradas para manutenção. 

Vale complementar que a manutenção autônoma é representada pela interação entre a área produtiva e de manutenção.  

Quando bem gerida, essa interação garante um ambiente de trabalho bastante positivo, já que os responsáveis técnicos pela manutenção da empresa podem se concentrar naquelas tarefas mais complexas.  

Os operadores, por sua vez, se sentem parte integrante do processo de manutenção. Por meio da manutenção autônoma eles têm sua parcela de responsabilidade e garantem uma operação mais segura, econômica e otimizada. 

Gostou? Então aproveite para ler este artigo e entender o que é a manutenção preventiva e sua importância para indústrias.