A mecanização do cultivo da cana-de-açúcar transformou radicalmente o setor sucroenergético brasileiro, colocando nossos canaviais no centro das atenções.
A adoção de modernas e avançadas tecnologias não só otimizou os processos de produção, mas também impulsionou a sustentabilidade, a eficiência e a competitividade do setor.
Os números comprovam essa afirmação. Na safra 2023/24 a produção brasileira de cana-de-açúcar registrou mais de 713 milhões de toneladas, estabelecendo um novo recorde na série histórica acompanhada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Neste artigo, exploraremos os principais avanços da mecanização, seus impactos no sistema de cultivo e os desafios que ainda persistem.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar! Na safra 2023/24, o Brasil registrou 713,2 milhões de toneladas, cultivadas em 8,33 milhões de hectares, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Segundo a CONAB, a produção recorde de cana também reflete no aumento de fabricação dos subprodutos.
A maior parte da cana colhida na safra 2023/24 foi direcionada para a produção de açúcar, estimada em 45,68 milhões de toneladas, também indicando um novo recorde na série histórica.
Consequentemente, as exportações do adoçante foram crescentes. Foram embarcadas pouco mais de 35 milhões de toneladas do produto, gerando um faturamento de U$ 18,27 milhões.
Além destes números, a cultura da cana desempenha um papel fundamental na economia nacional, gerando empregos e renda para o país.
E, alguns motivos explicam os recentes recordes históricos, mas a mecanização tem sido um dos principais motores de todo o crescimento e modernização do setor.
A mecanização do cultivo de cana-de-açúcar representa um marco na história da agricultura brasileira.
Ao longo das últimas décadas, a introdução de máquinas e equipamentos modernos transformou radicalmente as práticas agrícolas, aumentando a produtividade, a eficiência e a competitividade do setor.
Neste período, as ferramentas manuais (foices) foram substituídas por máquinas cada vez mais sofisticadas e eficientes.
Aliás, a mudança no processo de colheita da cana-de-açúcar foi a principal responsável pela redução de 72,8% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) de 2016, em relação à 2010, segundo reportagem do Governo Federal.
Dito isso, podemos dividir o processo de mecanização do cultivo de cana-de-açúcar em 4 períodos. Veja:
As primeiras tentativas de mecanizar o corte da cana-de-açúcar remontam à década de 1950, com um equipamento importado para realizar o corte.
No entanto, foi com a criação do Proálcool, em 1975, que a mecanização ganhou um impulso significativo.
Na década de 1980 a evolução continuou, mas foi marcada por uma grande discussão entre produtores e pesquisadores sobre qual processo de colheita seria o mais adequado:
Cada método apresentava vantagens e desvantagens. Consequentemente, a escolha dependia de diversos fatores, como tipo de solo, variedade da cana e infraestrutura industrial disponível.
Foi a partir da década de 1990 que a colheita da cana crua se consolidou como a rota tecnológica vencedores, popularizando a prática no Brasil.
Essa mudança foi impulsionada por diversos fatores, como:
Com isso, o setor passou a buscar integralmente a colheita da cana crua, que permite uma melhor conservação do solo e reduz a emissão de poluentes.
Hoje, a mecanização da cana-de-açúcar abrange praticamente todas as etapas do processo produtivo, desde o plantio até a colheita.
As máquinas utilizadas são cada vez mais sofisticadas, com sistemas de GPS, imagens de satélite, sensores e softwares que permitem um controle preciso das operações.
Além disso, a agricultura de precisão tem se mostrado uma aliada importante para otimizar o uso de insumos e aumentar a produtividade.
A mecanização do cultivo de cana-de-açúcar foi um marco na história para o setor. Ela trouxe consigo diversas ferramentas tecnológicas, principalmente aquelas relacionadas as operações de plantio e colheita.
Entre as soluções que mecanizaram as etapas mais relevantes da cultura da cana, se destacam:
Assim, dentre as muitas possibilidades, a mecanização contribui com a eficiência de controle de tráfego das máquinas.
Com isso, as trilhas deixam de ser compactadas permanentemente, evitando o custo associado ao círculo vicioso de compactação e descompactação praticado no sistema de Plantio Convencional.
A mecanização já virou tendência em canaviais de todo o Brasil. Segundo dados da NovaCana, cerca de 92,4 % da colheita área plantada na temporada 2023/24 ocorreu por meio de máquinas.
Todo esse crescimento se explica pelos muitos benefícios que a mecanização proporciona para produtores rurais e usinas de cana, com destaque para:
Ou seja, a mecanização revolucionou o cultivo da cana-de-açúcar, tornando o processo mais rápido, eficiente e produtivo.
Ao eliminar a necessidade de grande quantidade de mão de obra e otimizar os recursos, o processo de mecanização contribui significativamente para o aumento da produção e da competitividade do setor sucroenergético.
Entretanto, a mecanização de cultivo de cana-de-açúcar é mais intensa entre grandes produtores e usinas. Já pequenos produtores ainda enfrentam alguns desafios, como veremos a seguir.
A adoção de tecnologias mecanizadas em pequenas propriedades ainda é menos intensa, especialmente devido a alguns desafios que merecem atenção. Os que mais se destacam são:
Devido à elevada carga tecnológica, as modernas máquinas agrícolas ainda exigem um investimento inicial bastante elevado.
Tal fato pode inviabilizar a aquisição por parte de pequenos produtores.
Além da mudança tecnológica, a mecanização pode exigir adaptações nas propriedades, como a construção de estradas internas e a nivelação do terreno.
Estes, por sua vez, exigem custos extras por parte do produtor.
Mas, independentemente dos desafios, algumas oportunidades também se apresentam aos produtores de cana.
Eles têm à disposição algumas possibilidades que podem contribuir com a implantação de soluções mecanizadas nestas propriedades. São elas:
Incentivos governamentais: buscar os programas de financiamento e subsídios para a aquisição de máquinas e equipamentos é uma forma facilitar o acesso de pequenos produtores às melhores tecnologias;
Cooperativas e associações: a participação do produtor em cooperativas e associações pode permitir que eles tenham um ambiente para compartilhar equipamentos e serviços. Essa é uma boa estratégia para reduzir custos e otimizar o uso dos recursos;
Buscar assistência técnica: a extensão rural pode oferecer suporte técnico aos pequenos produtores, auxiliando na escolha das máquinas mais adequadas, na operação e manutenção dos equipamentos e na adaptação das práticas de cultivo;
Pesquisa e desenvolvimento: o investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e sustentáveis é fundamental para superar os desafios da mecanização.
Sendo assim, a mecanização do cultivo da cana-de-açúcar é um processo contínuo que está transformando o setor sucroenergético brasileiro.
Seus avanços tecnológicos aumentam a produtividade e mostram preocupação com a sustentabilidade ambiental.
É claro que há muitos desafios a serem superados. Mas, com investimentos em pesquisa, desenvolvimento e políticas públicas adequadas, é possível construir um futuro ainda mais sustentável e próspero para o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.
Aproveite para conhecer o conceito de agricultura 4.0 e entender como ela tem transformado a agropecuária.