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14/03/2023
9 min de leitura
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Mercado de carbono: Conheça a principal aposta contra as mudanças climáticas 

Uma mulher, usando um tablet. Mercado de carbono

Nos últimos anos, autoridades e grandes empresas estão cada vez mais preocupados com a sustentabilidade de seus processos e como eles afetam o meio ambiente e a sociedade. Como solução, é consenso que a regulação do mercado de carbono é um dos temas mais relevantes. 

Basicamente, o mercado de crédito de carbono permite que as organizações compensem as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a partir da aquisição de créditos gerados por outras organizações e projetos de redução de emissões e/ou de captura de carbono. 

No artigo de hoje confira tudo sobre o mercado de carbono, com suas características e padrão de funcionamento. Também ajudaremos você a entender como investir neste mercado e qual é a importância da sua regulamentação. 

O que é o mercado de carbono?

A economia de baixo carbono, cuja função é a de conter as emissões de gases de efeito estufa, tem ganhado cada vez mais espaço em todo o mundo. Para precificar o mercado, países têm criado o que vem sendo chamado de mercado de carbono. 

Mas o que é, de fato, o mercado de carbono? 

O mercado de carbono faz referência à compra dos chamados créditos de carbono por parte de países que ultrapassaram suas metas de emissão de gases do efeito estufa (GEE). Os vendedores são os países que não alcançam a cota máxima e tem “créditos” para vender. 

Ele surgiu no final dos anos 1970, mas ganhou força nos anos 1990. Desde então, tem sido cada vez mais aplicado em políticas públicas e privadas. Com constantes atualizações e acordos em todo o mundo. 

Na prática, cada governo determina um limite de emissão desses gases, representando uma espécie de permissão ou licença “para poluir” até determinado volume.  

Neste mercado, se uma empresa poluir menos que o limite previamente determinado, ela pode vender essa diferença como crédito para outra empresa que ultrapassou sua cota, onde cada unidade é equiparável a 1 tonelada de CO². 

Créditos de carbono são as “moedas” deste mercado 

Como já ressaltado, um crédito de carbono é a representação da não emissão de certa quantidade de dióxido de carbono na atmosfera realizado por empresas, organizações e indivíduos. 

Essa negociação se pauta no seguinte cálculo: uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) recuperada é igual a um crédito de carbono. 

O mesmo cálculo se aplica para uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (CO2 eq), que é uma métrica que compara as emissões de vários Gases de Efeito Estufa (GEEs), caso do gás metano (CH4), o óxido nitroso (N20) e o ozônio (O3). 

Dito isso, o funcionamento do mercado de carbono é pautado em dois modelos: o voluntário e o regulado. 

  1. Mercado regulado 

Neste mercado, as reduções obrigatórias são definidas em acordos internacionais. Neste sistema, há interação entre os setores regulados que podem comprar e vender emissões de GEE (de acordo com permissões estabelecidas em regulamento).  

O tipo de mercado regulado mais comum mundialmente é o Sistema de Comércio de Emissões, sob a ótica do Cap and Trade. 

  1. Mercado voluntário 

No caso do mercado voluntário, parte das organizações têm a iniciativa de compensar as emissões geradas por suas operações industriais ou empresariais.  

Nesse caso, elas podem comprar créditos daqueles que estão retirando GEE da natureza por meio de diferentes projetos. Caso daqueles relacionados ao uso de energia renovável, reflorestamento e outras atividades para a conservação das florestas. 

Grande oportunidade para o Brasil 

Não há como contestar, dentro do mercado de carbono, o Brasil pode obter um protagonismo impressionante, já que possuímos um papel de grande importância para maior controle das mudanças climáticas em todo o mundo. 

De acordo com uma pesquisa da Revista Science, o Brasil possui cerca de 50 milhões de hectares de áreas degradadas. O reflorestamento desses locais abre uma excelente oportunidade dentro do mercado de carbono. Podendo ser convertido em muitos créditos de carbono. 

Além disso, há uma série de outros projetos que podem gerar créditos de carbono, tais como: 

Projetos que podem gerar créditos de carbono. Mercado de carbono.

Outros serviços de baixo carbono, como a modernização do transporte e geração de energia limpa também são ótimas possibilidades e possuem grande potencial de captação de recursos e atração de investidores. 

Além dessas oportunidades, o Mercado de Carbono é uma excelente ferramenta para ajudar o país a controlar o desmatamento. Restaurando sua reputação no cenário internacional, principalmente depois das recentes crises de repercussão internacional.

Você pretende investir no mercado de carbono? Então veja como!  

Como você pode ver, o mercado de carbono envolve uma organização que adota ações sustentáveis, que dão a ela a capacidade de emitir créditos, e outra que atua neste mercado como comprador destes créditos por ter ultrapassado a cota. 

Mas como pessoas físicas ou outras empresas conseguem investir neste mercado? É possível? 

Os ativos do mercado de carbono não podem ser negociados diretamente. Pois circulam em ambiente regulado e restrito. Mas, o mercado financeiro se aproveita deste crescente mercado através de contratos futuros.  

Hoje existem contratos para o mercado americano e europeu. O Brasil já possui alguns fundos desse tipo. Com eles, o investidor tem exposição a contratos futuros do carbono europeu, com um investimento a partir de R$ 100.  

Mas, vale lembrar que este tipo de investimento está exposto à moeda daquele país. Consequentemente, o retorno do fundo pode ser afetado de acordo com as flutuações do câmbio. 

Outra possibilidade são as plataformas que vendem créditos de carbono tokenizado. Nelas, os investidores compram créditos de carbono de projetos ambientais devidamente certificados e armazenam estes ativos em uma carteira digital. 

Quando decidem vender, a negociação é feita em uma Exchange, em um tipo de negociação semelhante às criptomoedas. 

Assim, diante da necessidade mundial por ações mais sustentáveis, a tendência deste movimento é de grande crescimento. Valorizando o preço dos créditos de carbono e, por consequência, dos ativos a eles atrelados. 

Por que regulamentar o mercado de carbono é tão importante? 

Apesar dos muitos benefícios e oportunidades, o mercado de carbono brasileiro ainda tem uma série de desafios a superar. Um destes desafios é a regulamentação, que ainda não saiu do papel no país. 

Enquanto muitos países e blocos econômicos já começaram a regulamentação de seus mercados de carbono, no Brasil, a regulamentação ainda está tramitando. 

Ao regulamentar o mercado de carbono, o país conquistará vários benefícios. O principal benefício dessa regulamentação é criar um cenário de segurança jurídica, que aumentará a confiabilidade em relação às indústrias. 

Com essa regulamentação, as decisões das empresas vão se basear em regras claras e critérios de monitoramento e direção. Também conseguirão traçar qual a melhor estratégia de investimento que seja capaz de reduzir a emissão de gás carbônico e outros gases. 

Projeto de lei promete aprimorar o mercado de carbono no Brasil

Mesmo com o Brasil não tendo seu mercado de carbono regulamentado, há um Projeto de Lei, a PL 528/2021, que define o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões de Carbono (MBRE), que está em tramitação no Congresso e promete melhorar este cenário. 

A ideia do projeto é atrelar os créditos de carbono a ações de redução ou remoção de GEE da atmosfera. Na proposta do projeto há a indicação que essa redução seja quantificada de forma objetiva em toneladas de gases e que esse valor seja convertido em títulos a serem negociados. 

Importante ressaltar também que a proposta desse projeto de lei não é nova. Já que a criação do MBRE foi proposta ainda pela Lei 12.187 de 2009, que instituiu a Política Nacional de Mudança do Clima. 

O projeto de lei também acolhe o mercado voluntário a fim de que empresas ou governos que não contam com uma meta obrigatória de redução de gases de efeito estufa que possam participar nessa compensação da emissão. 

O projeto indica que as transações feitas dentro do mercado voluntário não serão taxadas pelo PIS Cofins e CSLL.  

Além disso, todos os projetos relacionados aos créditos de carbono serão gerenciados por um sistema eletrônico. Administrado pelo Instituto Nacional de Registro de Dados Climáticos, que é uma organização privada sob a gerência do Ministério da Economia. 

Diante disso tudo, fica fácil constatar que o mercado de carbono é gigantesco e só traz benefícios para os governos, empresas e a população global, com grande destaque para o Brasil. 

Para isso, é preciso desenvolver uma regulamentação que seja eficaz. Permitindo que as vantagens sejam aproveitadas por todos e o meio ambiente seja beneficiado. 

Aiko

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