Silvicultura de precisão: Aplicação de tecnologias avançadas no manejo florestal
A economia totalmente globalizada, o mercado mais exigente e o aumento da consciência socioambiental têm direcionado o setor florestal a um maior controle das informações sobre gerenciamento e produção, em um processo conhecido como silvicultura de precisão.
Representada pelo uso de tecnologias de manejo, a silvicultura de precisão representa uma nova forma de gerir, administrar e conduzir as áreas de reflorestamento, melhorando a qualidade da madeira e aumentando a eficiência.
Por consequência, sua adoção tem tudo para continuar crescendo nas florestas plantadas do Brasil, com resultados muito positivos em vários aspectos.
Diante da importância deste conceito e de acordo com a área de atuação da Aiko elaboramos este conteúdo. Nele convidamos você a entender o que é a silvicultura de precisão assim como as tecnologias mais avançadas que facilitam o maneio florestal.
Silvicultura de precisão: o que é?
Por definição, a Silvicultura é uma ciência que se dedica ao estudo de métodos (naturais e artificiais) que ajudam a regenerar e melhorar os povoamentos florestais visando o atendimento às necessidades do mercado.
Ao mesmo tempo, a silvicultura aplica medidas para a manutenção, aproveitamento e uso racional das florestas. Os principais tipos de silvicultura se baseiam nos modelos clássico e moderno.
O método clássico considera a própria força produtiva das florestas naturais, assim como o processo orgânico de regeneração visando o equilíbrio do ecossistema.
O método moderno, por sua vez, é baseado na plantação das florestas provocado por ação do homem ou de forma orientada e artificial.
No método artificial prioriza-se um manejo mais especializado do solo, dentro do conceito conhecido como silvicultura de precisão.
A silvicultura de precisão é baseada em um modelo de cultivo florestal onde há a obtenção e análise de dados específicos de uma produção. Com isso, há a possibilidade de realizar intervenções preventivas ou corretivas mais localizadas, aumentando o grau de eficiência e reduzindo gastos.
Para que isso seja possível, a silvicultura de precisão pressupõe o uso de diversas tecnologias avançadas de informação, como o sensoriamento remoto, GPS e o sistema de informação geográfica (SIG).
Também pressupõe o uso de máquinas e implementos capazes de realizar serviços mais localizados.
Com essas informações em mãos, a tendência é que os resultados da operação sejam mais sustentáveis e economicamente rentáveis.
Objetivos da silvicultura de precisão
O grande objetivo da implantação da silvicultura de precisão é cultivar povoamentos florestais de uma forma mais sustentável e ao mesmo tempo atender as necessidades do mercado. Também visam produzir riqueza à empresa florestal.
Ou seja, essa forma de fazer a silvicultura visa a produção de um volume abundante (e barato) de madeira e seus derivados.
Vale destacar também que a silvicultura é multidisciplinar, englobando várias áreas científicas, como botânica, ecologia, fitopatologia, edafologia, fitogeografia e economia.
Cabe à silvicultura de precisão acrescentar a tecnologia para facilitar a obtenção de uma diversidade muito grande de dados. Estes, quando analisados corretamente, são usados como critérios para alcançar os seguintes objetivos:
- Escolha de material genético adequado para as características de cada condição ambiental;
- Definição das técnicas mais eficientes de preparo de solo;
- Adubações de base e de cobertura;
- Espaçamento de plantio;
- Definição das técnicas de plantio mais adequada;
- Realização de tratos culturais, caso do controle de plantas invasoras, pragas e doenças);
- Definição do melhor sistema de colheita da madeira.
Como a silvicultura de precisão funciona?
A silvicultura de precisão parte do princípio do entendimento de que as áreas de produção florestal, em sua maioria, são heterogêneas.
Ou seja, dentro de uma mesma área (ou talhão), as variáveis de solo, topografia, clima, disponibilidade hídrica, ocorrência de doenças e plantas daninhas são diferentes e, por consequência, exigem cuidados específicos.
Assim, a silvicultura de precisão se distancia do conceito de silvicultura tradicional, já que o segundo modelo costuma utilizar as mesmas práticas para áreas com condições ambientais distintas.
Ou seja, a silvicultura de precisão deixa de aplicar uma dose média de herbicidas e inseticidas em todas as áreas, passando a aplicar tais produtos de uma forma muito mais direcionada e específica.
O uso de tecnologias de silvicultura de precisão ajuda a identificar as necessidades específicas de cada talhão. Isto faz com que o máximo potencial produtivo de cada área seja igualado e atingido.
A correta análise de dados é imprescindível
Além do aporte tecnológico, a silvicultura de precisão depende de uma sólida base de dados sobre as áreas produtivas.
Além de um volume suficiente, essas informações devem ser confiáveis e atualizadas constantemente, representando com fidelidade as variáveis do campo que exercem influência nos processos de decisão.
Logo, as seguintes informações de caracterização dos talhões são essenciais: classificação do solo, topografia, fertilidade, biomassa florestal e estado fitossanitário, tempo após plantio, etc.
Todo esse volume de informações, quando analisado em conjunto, evidencia a variabilidade espacial nos próprios talhões, permitindo a tomada de decisão específica para cada talhão.
Os dados e informações também ajudam a elaborar mapas de colheita e de produtividade bastante detalhados. Eles também permitem a percepção desta variabilidade e são a forma mais completa de realizar o processo de análise.
Tais mapas fazem correspondência direta à resposta da cultura aos fatores de produção e manejos que foram realizados.
O que fazer com as informações coletadas?
Como vimos até aqui, a silvicultura de precisão considera a importância da coleta, armazenamento e análise de uma infinidade de dados e informações. Estes são obtidos por drones, imagens de satélite, sensores e máquinas florestais com tecnologia embarcada.
Mas o que fazer com essas informações?
Basicamente, tais informações garantem a adoção de estratégias específicas para o plantio, condução, monitoramento da floresta e colheita.
No plantio, a silvicultura de precisão considera as características de solo, clima e topografia para selecionar a espécie ou clone que melhor se comportará em cada ambiente.
Além disso, com o apoio de tecnologias avançadas o plantio pode ser muito mais preciso! O uso de ferramentas de GPS, por exemplo, permite controlar onde cada muda foi plantada e garantir um espaçamento muito mais homogêneo.
Já na condução da floresta, a silvicultura de precisão permite a adequação das taxas de aplicação de insumos, tornando-a mais eficiente e sustentável, além de reduzir custos.
O monitoramento das áreas também fica mais efetivo com a utilização de tecnologias de precisão.
A avaliação da qualidade do plantio, o monitoramento de ocorrências e o risco de incêndios florestais tornam-se mais efetivos, principalmente com o auxílio de imagens de satélite e drones.
Por fim, a silvicultura de precisão oferece um mapeamento detalhado da etapa da colheita.
Este processo, associado à definição de logística de extração, mapas de produtividade e produção com informações individualizadas por árvores ajudam a aumentar a eficiências da operação, tornando-a muito mais precisa.
Silvicultura de precisão no Brasil: Em que momento estamos?
O Brasil tem despontado como uma das grandes potências mundiais no fornecimento de produtos florestais não madeireiros (PFNM) e produtos florestais madeireiros (PFM), também é referência como fornecedor de serviços ambientais.
Dados do IBGE indicam que o valor da produção florestal atingiu o recorde de R$ 30,1 bilhões em 2021 com alta de 27,1%. Desse montante, o valor da produção da silvicultura (florestas plantadas) continua superando o da extração vegetal, alcançando R$ 23,8 bilhões em 2021.
Mas, mesmo com esses números crescentes, a silvicultura ainda é pouco explorada no Brasil. A maior dificuldade em se trabalhar com esse sistema está relacionada à grande quantidade de informações.
Usualmente essas informações são provenientes de fontes heterogêneas, com grande variabilidade espacial e temporal, o que gera a necessidade de sistemas de informação complexos para o processamento de um grande volume de dados.
Por outro lado, ainda há uma certa carência de sistemas que tenham a capacidade de integrar as diversas ferramentas exigidas, como:
- SIGs;
- Modelos de simulação (de crescimento florestal, de perdas de solo, água e nutrientes etc.);
- Programas de cálculos estatísticos, geoestatísticos e de processamento de imagens;
- Sistemas baseados em conhecimento, como os sistemas especialistas.
Do ponto de vista prático, a alternativa adotada por gestores tem sido o uso de um conjunto de softwares independentes.
Mas há também muitos esforços relacionados ao desenvolvimento de sistemas operacionais que integrem os vários softwares disponíveis.
A Aiko, por exemplo, vem desenvolvendo constantemente uma série de soluções tecnológicas que ajudam a otimizar a operação florestal.
Com apontamentos eletrônicos, controle de combustível e manutenção, a vida de todos envolvidos na operação é facilidade, levando maior agilidade aos processos.
Com esses e muitos outros avanços tecnológicos, a expectativa para a aplicação da silvicultura de precisão brasileira é muito grande, com significativos ganhos em produtividade, lucratividade e sustentabilidade.
Quer saber mais sobre esse tema? Então confira detalhes sobre a silvicultura sustentável e veja sua importância para a preservação do meio ambiente
