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20/12/2023
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Biorremediação em áreas florestais: veja os métodos usados na remediação de solos florestais contaminados 

Biorremediação em áreas florestais: cientista fazendo tratamente de remediação em plantas

Ao longo de muitos anos, muitos compostos afetaram os solos florestais, causando diversos riscos. Diante disso, adotar métodos específicos de recuperação, como a biorremediação de áreas florestais, é fundamental para a manutenção natural das florestas. 

Basicamente a biorremediação é um processo biológico que pode ser utilizado com o objetivo de recuperar os ambientes contaminados sem causar mais poluição secundária ou reduzi-la caso ocorra. 

Mesmo apresentando uma ação não imediata, esse é um método cada vez mais recomendado por vários especialistas, pois não gera poluição e traz resultados realmente eficazes. 

Assim, para áreas florestais, o método da biorremediação é recomendável para degradar contaminantes do solo e dos sedimentos através de microrganismos autóctones ou exógenos. 

Você deseja saber mais sobre a biorremediação em áreas florestais? Então confira neste artigo todas as informações sobre esse tema totalmente relacionado à sustentabilidade florestal. 

Biorremediação no meio ambiente: o que é? 

Diante das muitas possibilidades e soluções para recuperar ambientes contaminados, a biorremediação é o conceito mais sustentável e eficaz para a descontaminação de ambientes poluídos, inclusive os florestais. 

Assim, a biorremediação é definida pelo uso de processos biológicos para degradar, transformar e/ou remover contaminantes de uma matriz ambiental, como a água ou o solo.  

Esse método é baseado em processos que ocorrem naturalmente pela ação de bactérias, fungos e plantas. Na biorremediação, os processos metabólicos destes organismos são capazes de utilizar estes contaminantes como fonte de carbono e energia. 

Ou seja, os materiais contaminantes são usados como fonte de energia para processos metabólicos de plantas, bactérias e fungos.  

Em resumo, cabe à biorremediação acelerar a descontaminação, que aconteceria de uma forma biologicamente natural, mas em um período consideravelmente maior. 

Tipos mais comuns de biorremediação 

Como vimos, a biorremediação ou simplesmente “remediação biológica” é um manejo adotado para minimizar os impactos ambientais provocados pelos diferentes tipos de poluição. 

Este manejo biológico é dividido em dois tipos: biorremediação in-situ e biorremediação ex-situ. Cada um dos tipos ainda se divide nas técnicas que são utilizadas. 

Biorremediação in-situ  

Esse tipo consiste no tratamento do material no local, não sendo necessário realizar o transporte da poluição.  

Por isso, essa é uma opção de baixo custo e que permite efetuar a restauração de áreas maiores. No entanto, sua ação é mais demorada.  

As técnicas existentes na biorremediação in-situ são:  

  • Atenuação natural: também conhecida como “biorremediação passiva ou intrínseca”, essa técnica realiza uma descontaminação lenta, além de exigir o monitoramento do local por um extenso período; 
  • Bioaumentação: relacionado à aplicação de microrganismos com alto potencial de degradação dos contaminantes. Indicada quando o local apresenta grande deterioração; 
  • Bioestimulação: funciona através do estímulo da atividade dos microrganismos por meio da adição de nutrientes orgânicos e inorgânicos no ambiente degradado; 
  • Fitorremediação: caracterizada pela estimulação dos microrganismos por meio da adição de plantas no local degradado. Normalmente, essa técnica é utilizada quando o local está contaminado por metais pesados; 
  • Landfarming: aplicação periódica de resíduo oleoso com alta concentração de carbono orgânico no local degradado. 

Biorremediação ex-situ 

Este segundo tipo necessita que o material contaminado seja levado para outro local para que seja tratado. Por essa característica, é um tipo de recuperação mais indicada quando há um risco maior da contaminação se espalhar. 

Esse tipo de biorremediação pode ser aplicado por meio das técnicas de: 

  • Biorreatores: o solo contaminado é colocado em grandes tanques fechados e misturado com água. Com isso, cerca de 10% a 40% dos resíduos sólidos ficam em suspensão, sendo aerados por meio de um sistema de rotação; 
  • Compostagem: nesse tipo, o solo é removido do local e organizado em forma de pilhas. Os micro-organismos transformam a poluição em matéria orgânica, gás carbônico (CO2) e água (H2O). 

Essa técnica é baseada em alguns princípios

A biorremediação é um processo que vem sendo estudado há bastante tempo. Há registros da sua aplicação desde a década de 1940, mas ela se tornou popularmente difundida no final dos anos 80, quando se tornou realmente necessária devido ao acidente com derramamento de óleo na baía de Prince William, Alasca.  

A partir de então, esta técnica vem se mostrando bastante eficaz e está ganhando seu espaço, expandindo exponencialmente com o tempo. 

Desde então, muitas pesquisas e experiências têm sido conduzidas (inclusive para a área florestal) para aplicar o conceito na recuperação de diversos tipos de poluentes em diferentes ecossistemas. 

Mas, desde o seu início, essa remediação biológica vem se baseando em 3 princípios básicos, que são: 

  • Disponibilidade do contaminante, 
  • Presença de algum microrganismo com capacidade metabólica, 
  • Condições ambientais adequadas para o crescimento e atividade microbiana. 
Agricultura-de-Precisao
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Vantagens do uso da biorremediação de solos contaminados 

Por tratar-se de uma técnica que faz uso de organismos vivos, plantas e microrganismos que irão agir para degradar os resíduos contaminantes e promover a recuperação de ambientes poluídos, a biorremediação apresenta uma série de benefícios. 

O principal benefício da biorremediação se baseia na segurança que esse tipo de técnica proporciona. Por usar microrganismos, ela não tem potencial de afetar o meio ambiente, nem as comunidades do seu entorno.  

Assim, de forma resumida, a biorremediação proporciona os seguintes benefícios, como, por exemplo: 

  • É um processo que não utiliza água natural tratada, gerando economia de recursos naturais e financeiros; 
  • O processo é seguro e não afeta diretamente o meio ambiente e nem a comunidade em volta; 
  • No tratamento da água, os compostos atóxicos não são removidos; 
  • Não exerce influência em operações já realizadas no local; 
  • Também pode ser realizada em lugares de difícil acesso, caso de florestas. 

Outra vantagem importante é que este é um processo de baixo custo, principalmente quando comparado a outras técnicas de tratamento para as áreas degradadas. 

Ainda sobre os custos, vale destacar que os investimentos em processos de biorremediação do solo são crescentes nas últimas décadas, devido à crescente preocupação ambiental e pressão de consumidores e investidores por soluções mais sustentáveis. 

Segundo levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o número de patentes registradas na área de biorremediação saltou de 3 até 1982 para 529 em 2014, com destaque para os Estados Unidos, China e Japão, especialmente devido a esforços de empresas, universidades e órgãos governamentais.  

Esse crescimento reflete diretamente em movimentação financeira: de acordo com pesquisa realizada pela organização Transparency Market Research, o mercado global de tecnologias e serviços de biorremediação tem uma expectativa de atingir um valor de mercado de aproximadamente US$ 20 bilhões até o final de 2030. 

Algumas desvantagens merecem atenção 

Mesmo com os muitos benefícios apresentados, a biorremediação pode apresentar algumas desvantagens que exigem um pouco mais atenção. 

Por utilizar organismos vivos e dependendo da técnica empregada, a biorremediação pode ser considerada lenta para realizar todo o processo de recuperação de uma área.  

Outra desvantagem está relacionada ao possível desequilíbrio ecológico da área. Geralmente, essa é uma técnica que utiliza microrganismos que não habitam de forma natural o local (exógenos), podendo provocar um desequilíbrio ecológico na região. 

Além disso, esse é um processo que exige elevado conhecimento técnico especial. Porém, especialmente no Brasil, a mão de obra especializada ainda é bastante reduzida. 

Bactérias são fundamentais na biorremediação 

Como já destacamos, a biorremediação é baseada em técnicas que envolvem a utilização de microrganismos, de ocorrência natural (nativos) ou cultivados, para degradar ou imobilizar contaminantes em águas subterrâneas e em solos.  

Geralmente, os microrganismos utilizados são bactérias, fungos filamentosos e leveduras. Destes eles, as bactérias são as mais empregadas, sendo consideradas como o elemento principal em trabalhos que envolvem a biodegradação de contaminantes.  

As bactérias são definidas como qualquer classe de microrganismos unicelulares, geralmente agregados em colônias, que vivem em compartimentos ambientais diversos. 

São ainda importantes devido aos seus efeitos bioquímicos e pela capacidade de destruírem ou transformarem os contaminantes potencialmente perigosos em compostos menos danosos ao ser humano e ao meio ambiente. 

As bactérias são também as grandes responsáveis pela biodegradação da maioria dos hidrocarbonetos, sendo por isso as mais utilizadas. Mas algumas espécies de fungos filamentosos e leveduras também têm habilidade de degradar esses compostos. 

O fato de as bactérias serem reconhecidamente os principais microrganismos degradadores de hidrocarbonetos no processo de biorremediação de solos, vem da observação de que, com o aumento da profundidade do solo, o número de bactérias não é drasticamente afetado, enquanto o número de fungos diminui.  

Essa capacidade da população bacteriana é atribuída à habilidade das bactérias de utilizarem outros aceptores de elétrons, além do oxigênio. 

Dessa forma, fica definido que a biorremediação de solos florestais é uma alternativa cada vez mais em pauta, sendo essencial e eficiente para a recuperação de áreas florestais, com o uso de micro-organismos que não agridem o ambiente nem as comunidades em seu entorno.  

Com essa técnica, é possível melhorar a qualidade do solo e contribuir com a sustentabilidade. Por consequência, é uma técnica que contribui com a produção florestal. 

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